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Rezando pelo Flavião


Quando morei no Jardim América, na primeira casa que compramos, tínhamos um vizinho muito simples, humilde e trabalhador: o Flavião. Muitas vezes, até me assustava quando eu chegava tarde em casa e ele vinha correndo da sua casa apenas para apertar minha mão pela janela do carro.

Sua sobrinha Jéssica, um pouco mais nova que meu filho, Michael, também estava sempre em minha casa, brincando com ele. Catador de latinha e religioso, freqüentava uma igreja evangélica e vinha me mostrar todo presente que ganhava dos colegas, como roupas e sapatos usados.

Muitas vezes, não tinha o que comer. Outras vezes não tinha onde dormir, quando brigava com sua irmã.

Quando ganhava brinquedos usados, dava algum de presente para meu filho. Mesmo com mais de 40 anos, sempre foi um crianção, sentava na calçada e ficava brincando com o Michael e a Jéssica.

Nesta semana, fiquei chocado com o que fizeram com ele. O Flávio catava latinhas numa casa onde havia uma festa, durante à noite, quando foi provocado por três sujeitos. Como não gostava de um apelido muito chato que colocaram nele, sempre respondia e até xingava quem o chamasse assim. E foi o que aconteceu.

Agindo como monstros, os três o espancaram covardemente. Bateram nele com tijolos, quebraram garrava em sua cabeça e o esfaquearam. Uma violência tão grande que não tenho adjetivos piores para descrever essa covardia.

Os gritos do Flavião chamaram a atenção dos vizinhos, que acionaram a polícia. Ele foi encontrado em estado de choque. No momento que escrevo este post, aproveitando enquanto os alunos fazem trabalho aqui na faculdade, ele está em estado de coma na Santa Casa, correndo risco de morte.

Foi difícil contar esta história para meu filho, mas ele precisava saber como que os seres humanos se transformam que coisas piores do que aqueles demônios das lendas. Não vou chamá-los de animais, pois estaria sendo injusto com os bichos.

Que Deus possa perdoar esses três patifes, já identificados pela polícia. Eu não perdôo porque não há motivo algum para explicar tamanha bestialidade. Que apodreçam na cadeia.

Estamos rezando por sua recuperação, Flavião. Você sempre foi um guerreiro e vai sair dessa!

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