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Ao professor Sylvio Venturolli

A foto ao lado é histórica. Em minha humilde opinião, a mais marcante da carreira do professor Sylvio José Venturolli, que morreu no domingo (29), vítima de câncer. Ex-prefeito de Araçatuba e ex-deputado federal, ele batalhou desde os anos 60 pela retirada dos trilhos da rede ferroviária do centro de Araçatuba.

Quando conseguiu, em 1991, o político linha-dura, mandão, desbocado, não aguentou a emoção e chorou ao fazer a primeira viagem pelo novo traçado. O flagrante foi feito por meu amigo Ângelo Cardoso, um dos maiores repórteres-fotográficos que conheço. Sylvio, na imagem, é consolado pelo então deputado Jorge Maluly Netto.

Quando políticos morrem, costuma-se exaltar seu lado bom. Sim, o professor Sylvio tinha o seu, acredito, mas era na maioria das vezes destemperado e arrogante. Tanto que chegou a agredir verbalmente uma jornalista da Folha da Região, chamando-a de F.D.P. quando ainda ocupava seu último cargo público, como super-secretário de sua esposa, a então prefeita Germínia. Tal atitude mereceu até repúdio, se não me engano, da ANJ (Associação Nacional dos Jornais).

Conversando com meu amigo Fernando Lemos, lembramos de várias passagens com ele. Certa vez, por exemplo, um repórter da Folha descobriu que o casal Venturolli usava viatura oficial da Prefeitura para viajar a um sítio da família, em Corumbataí (SP). Acompanhado de um repórter-fotográfico, seguiu a viatura, fotografando tudo pelo caminho. No sítio, ficou de longe, vigiando.

De repente, o professor Sylvio aparece na porta e chama os dois. Oferece até café e, sem qualquer temor, alega que sua esposa era prefeita 24 horas por dia, então, tinha o direito de usar a viatura oficial mesmo indo para uma viagem particular. Sempre rimos desta história.

Entrevistei o casal em dezembro de 2000, quando deixavam a Prefeitura. Visitei a famosa chácara "Morada do Sol", tão famosa no meio político. Descobri que o professor Sylvio adorava histórias em quadrinhos de faroeste, como o Tex. Além, é claro, de seus passarinhos.

"Em um futuro distante, quando o casal já não existir mais, como vocês gostariam de ser lembrados?", perguntei, ao final da entrevista. "Seremos lembrados quer queiram, quer não. Como vai ser, não sabemos e não temos preocupação nem de pensar", respondeu Sylvio. "O que importa é que o pessoal de Araçatuba nos recebeu de braços abertos desde que chegamos aqui e continuam nos respeitando. Sempre fomos felizes aqui. A maneira como forem lembrar da gente não importa. O importante é que nós temos admiração muito grande pela população e pela cidade", concluiu dona Germínia.

Antes de ir embora, fiz um pedido: que o professor Sylvio beijasse a esposa. E ele atendeu. A imagem abaixo foi feita pelo repórter-fotográfico Lécio Júnior. Acho que dona Germínia sempre foi o lado bom do velho político...



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